”E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus.” Filipenses 4:7 NVI
Quem é mais velho de igreja ou circulou por um tempo nesse meio, já ouviu, ao menos uma vez, a expressão “paz em meio a tribulação”. Em outras palavras, mesmo em meio a grandes conflitos (externos e/ou internos) podemos ainda ter paz, graças a Deus. Contudo, será essa paz a mesma que você tem em mente?
Segundo o dicionário Aurélio, a definição de “paz” se dá por ausência de lutas, violências ou perturbações sociais, ou de conflitos entre pessoas. Ou, ainda, o estado de calmaria, de harmonia, de concórdia e de tranquilidade; calma. Em resumo, estar em paz - ou ter paz - é não estar envolvido em problemas, é estar calmo, tranquilo, o famoso good vibes. Perceba, essa definição simplesmente afirma: "paz e conflitos não podem coexistir; ou alguém está em paz, ou está em conflito [tribulação]". Então o que é essa paz?
Em Filipenses, Paulo escreve que ao fazer conhecidos os nossos pedidos a Deus, através da oração e súplicas, “a paz de Deus, que excede todo o entendimento”, guardará o nosso coração e a nossa mente. Certamente, ele não fala de algo que não vive, ou seja, ele viveu essa experiência e com ela pode afirmar, com convicção, essa verdade. Porém, sejamos francos, se tomarmos a definição do dicionário, ele, com certeza, não teve um pingo de paz. Ele mesmo descreve sua vivência na segunda carta aos coríntios da seguinte forma:
“[…] fui encarcerado mais vezes, fui açoitado mais severamente e exposto à morte repetidas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus trinta e nove açoites. Três vezes fui golpeado com varas, uma vez apedrejado, três vezes sofri naufrágio, passei uma noite e um dia exposto à fúria do mar. Estive continuamente viajando de uma parte a outra, enfrentei perigos nos rios, perigos de assaltantes, perigos dos meus compatriotas, perigos dos gentios; perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar e perigos dos falsos irmãos. Trabalhei arduamente; muitas vezes fiquei sem dormir, passei fome e sede, e muitas vezes fiquei em jejum; suportei frio e nudez. Além disso, enfrento diariamente uma pressão interior, a saber, a minha preocupação com todas as igrejas. Quem está fraco, que eu não me sinta fraco? Quem não se escandaliza, que eu não me queime por dentro?” 2Coríntios 11:23-29 NVI
Fato é, nem calma, nem tranquila, nem ausente de problemas podem ser bons adjetivos para a vida de Paulo, muito pelo contrário. Conflitos, perseguições, pressões, sofrimentos, pesares, dificuldade e, em suma, problemas o seguiam para onde quer que fosse. Neste sentido, então, como pode ele dissertar a cerca de “paz”? Entenda, isso não coloca o texto Filipenses em contradição, mas indica que alguma coisa entendemos errado. Paulo passou por enormes dificuldade e conflitos, check! Não há nada na Palavra que seja mentira, logo, o que Paulo afirma não somente é a verdade, como também já foi vivenciado por ele, check! O que sobra? A própria definição de “paz”.
Uma verdade que frequentemente ocorre ao longo da Palavra é que as definições que damos à certas coisas, por vezes, não são definiões realistas, isto é, não são definições que concordem com a criação de Deus. Observe, por exemplo, nós, os salvos.
”Mas graças a Deus, que sempre nos conduz vitoriosamente em Cristo e por nosso intermédio exala em todo lugar a fragrância do seu conhecimento; porque para Deus somos o aroma de Cristo entre os que estão sendo salvos e os que estão perecendo. Para estes somos cheiro de morte; para aqueles, fragrância de vida. […]” 2Coríntios 2:14-16 NVI
O mesmo ocorre quando tratamos de paz. Jesus claramente afirma, em João 14.27, que a paz que Ele dá não é como o mundo a dá. Para nós - ou ainda, para o mundo - paz é estar tranquilo e sem problemas. Quando alguém fala "me deixe em paz", o que ela está querendo dizer? "não me incomode", "não me traga problemas", "não me tira da minha tranquilidade aparente". Contudo, para Deus, esse não é o princípio que gera paz. O “segredo” para a paz de Deus está no verso anterior de Filipenses: “Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus.” Qual é a realidade aqui? Qual é o elemento que faz transportar o indivíduo do estado de ansioso para o estado da “paz de Deus, que excede todo o entendimento”? O elemento é “pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus”. Como prática, é a oração. Como princípio, é a confiança.
Quem confia em Deus, em sua Palavra e em seu caráter, pode passar pela mais turbulenta vida ou fase da vida sem ser abalado. Ele reconhece que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28, ARA). Ele sabe que o SENHOR é “Deus compassivo e misericordioso, paciente, cheio de amor e de fidelidade, que mantém o seu amor a milhares e perdoa a maldade, a rebelião e o pecado. Contudo, não deixa de punir o culpado; castiga os filhos e os netos pelo pecado de seus pais, até a terceira e a quarta gerações” (Êx 34.6-7, NVI). Mas, acima de tudo, aquele que confia no SENHOR compreende que “o seu amor dura para sempre!” (Salmos 136, NVI).
Em resumo, paz não é meramente a ausência de problemas ou a tranquilidade aparente, mas alegria e confiança em meio as tribulação. Paz é o resultado de depositar a nossa confiança em Deus e ter em mente que quem confia no SENHOR…
“[…] está seguro.” (Pv. 29.25, NVI)
“[…] prosperará.” (Pv. 28.25, NVI)
“[…] jamais será envergonhado.” (Sl 25.3, NVT)
E muito mais...
A Palavra está cheia de passagens e exemplos que demonstram, claramente, o produto daqueles que confiam no SENHOR. Então, em poucas palavras, que possamos confiar no SENHOR, de todo o coração, apresentar os nossos pedidos a Ele e observar como “a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará a mente e o coração de vocês em Cristo Jesus”.
SDG
Soli Deo Gloria
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